quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Insônia

Insônia é como conhecer o inferno em vida, rolando na cama, durante toda a noite, os minutos se arrastam, eu posso sentir eles se afastando lentamente, mil e um pensamentos invadem a cabeça, giro para a direita, tento a esquerda, ou ficar de barriga para cima, nada adianta, fecho os olhos, mais pensamentos, tento me desviar deles, mas não posso, é uma tortura, parece que nunca vai haver fim, no silencio da noite tudo fica vazio, eu não quero me enterrar nesses pensamentos, eles me deprimem, fazem a sensação de agulhas no estômago ficar mais forte, aquele gelo no peito, eu só quero sono, é pedir demais? Me de um pouco desse trago de morte, sem sonhos, não gosto de sonhos, dormir é como experimentar a morte, assim ela é, apenas sono eterno, sabe quando se dorme e não tem sonhos? Apenas aquele vazio, negro, que se estende pelo tempo, paz absoluta, os sonhos, são apenas um aviso da vida, nos dizendo que ainda não morremos, e vamos ter que levantar em breve, pra provar do amargo pão que ela tem a nos oferecer, por vezes os sonhos nos mostram coisas que temos sendo destruídas, outras vezes coisas que queremos muito e provavelmente nunca vamos ter, e também, coisas que perdemos e nunca vão voltar, por isso eu os odeio, eles tiram de mim a chance de provar da morte, de toda aquela paz, do nada, do escuro absoluto, é tão fácil, morrer é tão fácil, difícil mesmo é viver.

Quando o sono vem já é tarde demais, pois já amanheceu outro dia, ele esta lá fora, faminto, ansioso pra tentar nos devorar, e nós vamos baleando um dia atrás do outro na cabeça, assim como o buk fazia, mas é uma luta injusta, um dia ele vai nos pegar, e nós sabemos disso. A sonolência me acompanha durante todo o dia, ironia, mas o que se pode fazer? As marcas no rosto demonstram as noites mal dormidas, movimentos lentos, às palavras falham, a sensação de agulhas continua, mas essa nada tem haver com a insônia, sinto saudade do tempo das borboletas no estomago, hoje as coisas estão piores, horário de almoço, a comida parece serragem caindo bruta e lentamente pela faringe, a epiglote me trai por um minuto e o alimento se desvia para a laringe, perco o ar, praguejo, blasfemo, tudo parece dar errado, e eu só queria dormir por alguns anos, dormir sem parar, sem nenhum sonho, assim como sou, sem sonhos acordado, e muito menos dormindo. Abrir mão do mundo, e das pessoas que tanto me machucam. Hora de ir embora, a sonolência me segue durante todo o final do dia, mas como por mágica, ela some com o chegar da noite, e mais uma vez, o inferno se repete, insônia, agulhas no estômago. E eu tento escrever um texto idiota qualquer a fim de matar o maldito tempo.



Pablo Henrique

Um comentário:

  1. Insônia é conhecer tudo no momento em que não queremos conhecer nada, entretanto a sua lhe rendeu um bom texto. Adorei o seu blog.

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